Sunday, 20 January 2008

Atonement

“Há filmes que nos conquistam de imediato. A sequência de abertura de Expiação, com o sincopado movimento de uma adolescente pelos corredores e salas de uma mansão vitoriana, num misto de estranheza e fascínio, de inquietude e de beleza, tem qualquer coisa de hipnótico que imediatamente faz perceber que a banalidade é a última coisa que estamos a ver (…).

Expiação é a história de uma impossibilidade de remissão, a história de como, uma vez desencadeados os mecanismos de dilaceração, não há maneira de os inverter. Christopher Hampton escreveu-a, em estreita fidelidade ao romance de Ian McEwan [brevemente na minha cabeceira] em que o filme é baseado. O melodrama ancorado no grande romanesco está, assim, de volta. O romanesco levará os protagonistas até aos anos da guerra e Robbie até à retirada de Dunquerque: alucinantíssima sequência. (…)

Num filme onde a câmara é de exemplar virtuosismo (mais do que as palavras, é o que vemos que constrói a narrativa), os actores não são, contudo, de somenos importância. Os dois protagonistas [Keira Knightley e James McAvoy] são perfeitos na sua condição de amantes. Mas eu gostava de chamar a atenção para o corpo de secundários, seja para Saoirse Ronan, 13 anos de talento, rigorosíssima num personagem destinado à aversão do espectador [manobra os seus "personagens" tanto na vida real como nos romances que escreve], para a fabulosa Brenda Blethyn (a mãe de Robbie, consciente da sua condição e temerosa dos amores com a jovem senhora da casa) ou para Vanessa Redgrave (uma curta aparição, mesmo no fim, mas decisiva).”

In Actual, Expresso 19 Jan


Eu acrescento uma realização magnífica de Joe Wright, a fotografia de Seamus McGarvey e uma banda sonora desconcertante de Dario Marianelli… ainda tenho o som do piano cortado pelo martelar da máquina de escrever na cabeça.

Para mim, o primeiro grande filme do ano.

Agora aguardo por “Sweeney Todd, o terrível barbeiro de Fleet Street”.

Nota: Expiação – do Lat. expiatione s. f., acto ou efeito de expiar; uma compensação do delito praticado, cumprimento de pena ou castigo; penitência

7 comments:

NotAllowed! said...

Também adorei. É lindissimo e fora do comum!

Tânia

P.S. - Também aguardo pelo Sweeney Todd. Lá está o vício pelos filmes do grande Tim Burton!

Anocas said...

Gostei do filme, é pena ser um bocado parado.... =$

Susana said...

Olá Tânia! :) Bem-vinda por estas bandas blogueiras! Podemos combinar ir ver o Sweeney Todd juntas, quando estrear.
Nokes, eu não achei nada parado :P Para ser sincera, até gostei mais da "primeira parte" (as aspas até eram dispensáveis porque resolveram fazer intervalo a meio do filme grrrr, no cinema onde fui!) e do final, do que das cenas durante a guerra (menos "paradas"). Mas são gostos! ;) Como diria o outro: se toda a gente gostasse do mesmo, o que seria do amarelo? ;) E eu até gosto de amarelo :P

Anocas said...

LOL, mas eu também gostei mais da primeira e da ltima parte, mas.. se calhar por ter visto o filme a seguir ao almoço, achei que tinha pouco ritmo no inicio, nao sei explicar.... Confesso que tive de ver o filme 2x para prestar a devida atenção. Da 1ª x não o consegui acabar porque adormeci a meio =$

Luna said...

vou ver su! =) obrigada pela sugestão! dp digo o k achei, mas parece-me que vou gostar mesmo mto! =)

NotAllowed! said...

O que eu achei foi q é um filme de pcas palavras, mas em q os olhares e as expressões das personagens as tornam dispensáveis. É um filme intenso, fora do comum e com uma mensagem e uma história simples e brutalmente real, sem floreados. Qto ao Sweeney Todd, acho uma optima ideia. Qdo estrear combinamos! =)

Bjs,

Tânia

Daniela Lopes Moura said...

Numa expressão: Atonement é tudo de bom! Há muito tempo que um filme não me dava tanto gozo como este!!
E pronto, já te melguei o suficiente com os pormenores acerca do dito eheh :))