«O director da divisão de Sistemas de Engenharia e do Centro de Transportes e Logística do Massachussetts Institute of Technology (MIT) Yossi Sheffi criticou a total separação entre o meio académico e a indústria em Portugal, considerando as universidades "
muito conservadoras" e
"pouco práticas", pelo que defendeu uma
"urgente" mudança de mentalidade.
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Em Portugal, como no resto da Europa, há uma total separação entre o meio académico e a indústria, mas penso que o problema não são as empresas e sim as universidades", disse em entrevista à agência Lusa.
As instituições académicas portuguesas "
não são o número 1", sublinhou o professor, apesar de as considerar "
muito boas e com uma sólida base científica", embora marcadas por "
conservadorismo, demasiada concentração na publicação dos 'papers' e pouca predisposição para a mudança".
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Precisamente por não serem o número 1, podem mudar, há uma razão para fazer algo de diferente. Têm de começar a trabalhar em conjunto com a indústria, a criar especialistas em engenharia, incluindo mais e mais investigação", avisou Yossi Sheffi, que não minimiza as "
dificuldades" inerentes.
Contudo, lembra também os "
resultados extraordinários" que tal atitude potencia, não só a nível do conhecimento e educação, mas também de um significativo crescimento económico.
Segundo o responsável, as universidades podem dar "
bem mais aos estudantes", começando por lhes mostrar que "
o trabalho com as empresas é importante", não se resumindo à publicação de ensaios, à leitura ou à definição teórica da profissão de engenheiro, que acaba por não dar um contrato de trabalho a ninguém.
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O que interessa o que é ou não a engenharia? Nada. Não interessa qual a etiqueta que se põe no problema, não interessa qual o ensaio que se vai publicar. A única coisa que interessa é a solução para o problema", frisou Sheffi, acrescentando que "
esta visão é minoritária" em Portugal.
Segundo Sheffi, esta realidade está a acontecer não só em Portugal, mas um pouco por todo o mundo, dando como exemplo "
os livros e livros" que são publicados nos EUA sobre Business School, que nada têm a ver com "business", ensinando apenas a teoria. De acordo com o especialista, as universidades não publicam actualmente algo de diferente, pelo que os estudantes só precisam de fazer "
mais do mesmo, mas apenas um bocadinho melhor" .
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Portugal pode ser um centro de excelência de engenharia em educação e investigação. Por ser um país pequeno, com tradição para estabelecer laços com o resto do mundo, tem oportunidade para que o governo, as indústrias e as instituições académicas possam trabalhar em conjunto", para publicar algo. salientou. Este tipo de cooperação pode começar por exemplo pelo convite a gestores seniores de empresas para falar durante um dia sobre os problemas da indústria.
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As universidades portuguesas deviam ser mais práticas, mais abertas e incluir mais do que aquilo que fazem. Aqueles que parecem problemas de mera engenharia, incluem muitas vezes na solução aspectos de outras áreas, pelo que é importante introduzir isto na investigação e educação", alertou.
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Uma vez mudado o paradigma da educação/formação de engenharia, os clientes vão começar a olhar para Portugal. Assim que a indústria (mundial) reconheça que Portugal está a fazer algo de importante, vão começar a olhar para aqui. Arrumem primeiro a casa e mostrem o que podem fazer mesmo à pequena escala, depois disso não precisam de procurar, as pessoas virão atrás de vocês", aconselhou. »
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